Na convivência social em todos os ambientes, o estabelecimento de princípios e o cumprimento de regras são aspectos fundamentais para o bem de todos. No ambiente acadêmico não é diferente.
Há diversas situações deste cotidiano que representam ameaças e afrontas ao bem comum, tais como desrespeito, intimidação, conflitos de interesses, maus tratos e desonestidades, como por exemplo, falsificações, manipulação de dados e resultados, fraudes como cola, conluio e plágio.
As implicações decorrentes destas práticas, variam desde a degradação do indivíduo, a instalação de um clima negativo para a comunidade educativa até o comprometimento da imagem e reputação da instituição diante da opinião pública. Quem está de fora, pode decidir não fazer parte e quem está dentro, pode querer sair. Vincent Tinto, estudioso da evasão no âmbito universitário, há muitos anos observou no livro Leaving College, que ambientes acadêmicos inóspitos também são influenciadores do abandono do estudante.
A criação de ambientes acadêmicos que minimizem estas ocorrências é um desafio permanente que demanda ações estratégicas e práticas de todos os envolvidos, sejam eles estudantes, professores, colaboradores e gestores. Portanto, é um problema institucional.
Práticas bem-sucedidas sobre este assunto, implementadas a partir de estudos já realizados, demonstram que o envolvimento da comunidade na criação de códigos de conduta funcionam melhor do que simplesmente o estabelecimento de normas e sanções. Em relação a isto, Donald McCabe e colegas publicaram vários relatos de pesquisas que são boas referências para aprofundamento e planejamento de ações eficazes. Como exemplo, recomendo a leitura de “New Honor Codes for a New Generation”, publicado em 2005.
Além disso, defendo a promoção de uma cultura de integridade pautada em abordagens fundamentais que podem contribuir positivamente para reduzir a má conduta acadêmica.
- Primeiramente, diminuir as oportunidades destas práticas por meio da adoção de rotinas, ferramentas e recursos que garantam o cumprimento dos princípios e regras pactuadas.
- A seguir, assegurar que a impunidade não se torne uma prática institucionalizada, o que pode gerar a percepção de que práticas de má conduta ou corrupção não têm implicações. Caso isto aconteça, consequentemente, pode se instalar um ambiente de banalização de condutas acadêmicas reprováveis e inaceitáveis absorvidas pela ideia “de que todo mundo faz”.
Portanto, a criação e manutenção de ambientes academicamente virtuosos é uma demanda de todos os envolvidos. Requer a adoção de princípios e procedimentos pragmáticos que contribuem efetivamente para climas institucionais caracterizados por valores desejados e admirados por todas as pessoas.
Confira mais sobre o assunto deste blog, no webinar com o prof. Marcelo Krokoscz, que aconteceu no dia 02 de setembro.